Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour

400x400bb
we are blood itunes store

Foram seis dias intensos!
Talvez os mais surreais da minha vida.
Seis dias para conhecer Los Angeles, na minha primeira visita à Califórnia, e ainda como convidado da Mountain Dew para prestigiar a première mundial do We Are Blood, vulgo o evento do ano.
Com certeza, um turista convencional não aguentaria o ritmo.
Faz uma semana que voltei ao Brasil e a ficha ainda não caiu totalmente.
Separar as imagens da viagem e contar algumas das histórias levou tempo, porque cada momento vivido foi com tanta energia, que revendo as fotos e vídeos as lembranças vem com muita clareza. E é nessa hora que as coisas começam a fazer sentido e eu realmente começo a curtir, com os pés no chão. Porque se fosse parar pra pensar na hora, perderia muito tempo nessa contemplação.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Agradecimento especial à Mountain Dew pela viagem (foto: Sidney Arakaki)

A aventura começou duas semanas antes, quando o Tiago Moraes, (da Kultur, agência de publicidade responsável pela Mountain Dew no Brasil) me ligou fazendo o convite. Só que meu visto para os EUA estava vencido e o passaporte expira em janeiro, então tive que providenciar passaporte e vistos com urgência. Foi uma correria e noites sem dormir ansioso para que tudo desse certo. Pra ter uma noção, no dia da viagem eu ainda não tinha recebido o passaporte com o visto. Fui cedo para o CASV (Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto) e no começo da tarde me disseram que não estavam localizando o passaporte. Desesperado, mandei um email para o Consulado dos EUA, enquanto fui buscar meu skate e mochila para viajar. Quando estava chegando de volta no CASV de Pinheiros recebi o retorno do consulado por email dizendo que meu passaporte com o visto estava lá. Peguei o passaporte quando o atendimento ao público já estava encerrado e de lá fui com o Tiago para o aeroporto.
Uma das coisas mais legais dessa viagem, é que o Marcelo Formiga foi junto. E a história dele no Consulado é a melhor. O cara fez a entrevista e pegou o passaporte com o visto no mesmo dia! É muita moral.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
A primeira visita do Marcelo Formiga aos EUA (foto: Sidney Arakaki)

Antes da viagem eu não sabia ao certo qual seria o roteiro. Só sabia que teríamos as premières do “We Are Blood”, “PUSH” e os campeonatos do Dew Tour. Como eu nunca tinha colado em Los Angeles, também não tinha noção nenhuma dos lugares para ir, mas tudo era alegria. O meu crew era, além do Formiga e do Tiago, a Mônica Torres e o Guilherme Abe, do Canal Sobre Skate. O Tiago e o Formiga já são amigos de longa data. Mas a Mônica e o Guilherme eu nunca tinha conversado antes. E logo foram surgindo curiosidades interessantes, como saber que a Mônica é da Vila Maria, bairro que considero meu berço, e que o Abe é descendente de japoneses.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Para nos locomover pelos picos usamos essa van pelos seis dias (foto: Sidney Arakaki)

Como chegamos de viagem bem cedo e o horário de check-in era meio-dia, deixamos o carro com a bagagem no hotel e saímos para comer e andar de skate sem rumo, do jeito que eu curto. O Tiago pesquisou na internet e fomos no Grant Central Market, que lembra bastante o Mercadão Municipal de São Paulo. A razão de irmos até lá era comer no “Eggslut”, uma lanchonete com rangos com muito colesterol pra entrar no ritmo da dieta norte-americana. Pra quem curte bacon, ovo e não se preocupa com colesterol, vai curtir muito comer lá.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Grant Central Market, na 317 S Broadway, em Los Angeles. (foto: Sidney Arakaki)
Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Inacreditável saber que na entrada dos fundos do hotel tinha esse pico e um Starbucks. (foto: Sidney Arakaki)

A primeira sessão “oficial” foi na Court House. O pico que eu mais queria conhecer, porque é um templo dos anos 90 que estava em todos meus vídeos favoritos. A polícia havia proibido andar de skate lá alguns anos atrás, mas em 2014 a Nike SB revitalizou o pico e devolveu à comunidade do skate. Agora os bancos tem cantoneira, o lugar foi todo pintado e em junho a Nike transformou o antigo chafariz num obstáculo skatável. Foi um sonho realizado andar lá, mas ver o Marcelo Formiga destruindo o pico é indescritível. Imagina o cara chegar lá e começar a andar com mochila como se fosse local, escorregando nas bordas já com intimidade. A cara da rapaziada vendo ele andar era engraçado demais! E eles nem imaginavam que o Formiga estava alguns dias sem dormir e era seu primeiro dia nos EUA.
Uns três ou quatro caras andando com os amigos filmando, e o Formiga lá fazendo manobras que nunca haviam tentado no pico antes… e sem ninguém filmando, apenas por satisfação pessoal.
Depois de um tempo começaram a chegar os amigos brasileiros: Tiago Lemos, Rodrigo Gerdal, Marcello Gouvêa, Sergio Teles… O Fellipe Francisco, fotógrafo de Belém que está morando na Califónia, estava lá também para fotografar o Tiago Lemos na Corte. O Tiago deu um switch backside tailslide na borda alta do palco. Ver ele encaixar, travar e escorregar é um negócio impressionante. Em algumas tentativas eu estava em cima do palco e sentia o chão vibrar com o atrito.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Tiago filmando o Formiga na Court House. (foto: Sidney Arakaki)

Depois da Court House ainda acompanhamos o Tiago e o Fellipe até tarde da noite. A sessão deve ter rolado até quase meia-noite, que com o jetleg de quatro horas, nos fez voltar ao hotel e dormi sem jantar. Eu estava exausto da viagem, do dia inteiro ativo e ainda fazia dias que não dormia com a ansiedade da viagem e espera do meu passaporte com visto. Mesmo assim, dormi apenas das 3h até 6h do horário local. Meu relógio biológico (10h no horário de São Paulo) com a pilha de sair explorando os picos, me fez levantar cedo, quando ainda estava escuro. Mas eu sabia que precisava poupar energias para aguentar o dia e ainda a première do We Are Blood com a festa. Então o jeito foi descer pro lobby (que era o único lugar com internet de graça no hotel) e em pouco tempo o pessoal foi aparecendo também despertada pelo fuso horário. Quando eram mais ou menos 8h, decidimos ir para Hollywood para andar na Calçada da Fama e procurar algum lugar para comer. Outra missão, era comprar o adaptador de tomadas porque esse maldito plugue criado pela gestão do Lula só existe no Brasil, e estava com computador e telefone descarregados.
Chegamos em Hollywood antes das lojas abrirem e deu para se divertir muito andando sobre as estrelas, passando e lendo os nomes com calma. Impossível ler todas, mas vi várias legais (algumas fotografei e estão na galeria de imagens desse post).

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Andar de skate não é crime! Sessão com o primo Abe em Hollywood. (foto: Sidney Arakaki)

O café da manhã foi num pico clássico de lá, o “Mel’s Drive-In” (8585 W Sunset Blvd) e não podia faltar panqueca, ovos e bacon… O prato estufou a pança e foi praticamente meu almoço. Saindo de lá, atravessando a rua, demos de cara com os famosos corrimãos da Hollywood High! Vendo nos vídeos parece que é fácil andar, mas são altos! O Formiga desceu de boardslide só pra registrar e sentir a adrena.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Um dos corrimãos de Hollywood High e o restaurante Mel`s do outro lado da rua. (foto: Sidney Arakaki)

Tínhamos mais algumas horas pela frente até a première do filme, então passamos em algumas lojas e depois fomos trombar a Brasanation numa escola. Acredite, duas horas antes da première do We Are Blood o Tiago Lemos estava lá marretando o pico!

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Tiago Lemos foi da sessão direto para a première do filme. (foto: Sidney Arakaki)

O cinema onde rolou a première do We Are Blood é um lugar mágico. Pesquise no Google: “United Artists” e você vai ter uma noção. Chegamos um pouco cedo para não enfrentar a muvuca e garantir um bom lugar. Não conseguimos um lugar tão bom, mas estávamos lá dentro e não tínhamos motivos para reclamar! Deu para assistir muito de boa. Quando as luzes enfim começaram a se apagar, foi uma festa. Mas ainda não era a exibição do filme. Ainda tinha o discurso do Ty Evans. O cara estava muito feliz. Muito feliz mesmo. Entrou no palco gritando, se esgoelando. Foi emocinante ver ele sendo aplaudido, porque é um cara querido na comunidade do skate. Aí ele comentou um pouco sobre a produção, agradeceu e chamou os skatistas e produtores para o palco. Nisso, eu tinha começado a gravar com o telefone e é emocionante ver o que acontece. Ty sente falta do Tiago Lemos e começa a chamá-lo! Assiste aqui embaixo.

O We Are Blood é um filme produzido em 6K e finalizado em 4K. É para ser assistido num cinema. A projeção e o som do lugar era próximo da perfeição, e a experiência foi espetacular.
Saindo pra rua, começamos a nos reunir novamente, porque cada um assistiu de um canto diferente da sala. No meio dessa muvuca de brasileiros, eis que surge Ty Evans gritando FORMIGA!!! OBRIGADO. Filmei parte desse encontro histórico. Faltou uns dois segundos dele gritando o Formiga, mas a essência está aí, a linguagem mundial do skateboard. Isso traduz o we are blood, que os skatistas tem o mesmo sangue.

Eu dei uma passada de leve na festa. Estava mais afim de comer do que beber, e mais de andar de skate do que acordar de ressaca. Lá só tinha bebidas e a festa se encerrou pontualmente as 2h, com seguranças mal educados expulsando todo mundo de dentro e da frente do pico. Em Los Angeles as casas noturnas fecham cedo, as 2h. Mas depois a galera vai para as festas privadas.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Drinks com Mountain Dew na festa do filme. (foto: Sidney Arakaki)

Mesmo sem estar de ressaca no dia seguinte, eu precisava descansar e consegui dormir até um pouco mais tarde. O grande compromisso do dia seria a première do projeto PUSH, do The Berrics, onde o Luan Oliveira e a Leticia Bufoni tem partes. Mas estava começando também o Dew Tour na cidade, e tínhamos que passar lá para pegar as credenciais e ver a estrutura do evento. Era tudo no mesmo lugar, as pistas de street, halfpipe e o teatro da première. Foi o único dia que não andei de skate, apenas remei por alguns metros.
De todos eventos grandes de skate, o Dew Tour é o único que eu ainda não tinha ido. E é o que eu esperava, um evento feito para a TV. Muito bem feito (para os leigos)! Skate de alto nível e premiação decente para os skatistas. Como estava só de passagem não deu para ver todo mundo andando, mas fiquei feliz de ver o Bob e o Rony no Vert. Estranho foi chegar no Street e ver praticamente uma demo da Street League e com arquibancada vazia, mesmo sendo de graça. Paul Rodriguez, Felipe Gustavo, Kelvin Hoefler, Louie Lopez, Manny Santiago, Alec Majerus, Shane O’Neill, Tom Asta, Sean Malto e uns amadores locais andando na pista. Formiga estava com skate, viu a pistinha dando mole, a gente não ia pra longe, então ele começou a andar e roubou a cena. Ele começou a andar timidamente num canto, começaram a aplaudir e depois estava se soltando na pista toda… Paul e Malto o abraçando e nêgo tentando entender os taislides com os dois pés no tail ainda saindo de bigspin.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Première do PUSH no United Artists, em Los Angeles. (foto: Sidney Arakaki)

Essa noite foi mais tranquila que a anterior. Não estava lotada como o We Are Blood e deu para assistir mais relaxado. Como também tínhamos chegado cedo, eu e o Tiago demos uma volta por dentro do teatro para apreciar a arquitetura gótica sinistra do lugar. Difícil fazer fotos dos detalhes com telefone, então é mais fácil procurar imagens no Google ou visitar pessoalmente, porque é demais.

Mas, ao contrário do We Are Blood, que foi produzido para o cinema. O PUSH é para internet e a maior parte dos documentários já tinham sido usados. Então foi cansativo assistir quase duas horas do mesmo. A parte do Luan foi a primeira, então pegou todo mundo empolgado. O Luan elevou o nível técnico de linhas para um patamar absurdo! Ele começa a manobrar e não para, segue em frente fazendo coisas absurdas.
Pelo que ele comentou depois, a versão que assistimos talvez não seja a final. As versões finais devem entrar no ar logo mais no site.

Saindo do Teatro começou uma aventura curiosa. Chegamos no estacionamento para pegar o carro e o lugar já estava fechado. Não era nem meia-noite e na noite anterior o carro estava no mesmo lugar, sendo que tiramos de lá quase 3h da manhã. Tivémos que ir embora de Über (sim! em Los Angeles é um transporte bem popular).
Na manhã seguinte, eu e o Tiago acordamos cedo e decidimos ir andar de skate e depois passar para pegar o carro no estacionamento. Fizemos a sessãozinha na moral e quando chegamos no estacionamento, portão fechado! Já era quase 9h da manhã e TODOS os estacionamentos da redondeza estavam abertos. Bateu um desespero e começamos a perguntar sobre o estacionamento para os vizinhos e disseram que talvez não abrisse. Eu estava indignado, vasculhei todas as placas e não dizia sobre horários de funcionamento do estacionamento.
Aí o Tiago teve a ideia que seria a única solução: precisávamos comprar um alicate para cortar o cadeado do portão e tirar o carro de lá. Ele procurou no Google e achou uma loja de ferramentas. Vimos um táxi dando mole e pedimos para nos levar lá, e enquanto o Tiago comprava o alicate fiquei esperando no táxi. Voltando para o estacionamento, comecei a ficar nervoso e planejar a nossa ação. Inacreditável o que estávamos prestes a fazer. Quando descemos do táxi foi engraçado, o Tiago tentando andar escondendo o alicate. Eu tinha impressão que todos estavam olhando pra gente, porque merda atrai merda. Chegando no estacionamento, não dava para acreditar, um cara estava abrindo o portão! Exatamente na hora. Eu comecei a rir, mas foi de alívio. Essa é uma das melhores situações que já vivi, bem de filmes pastelão de Hollywood. E claro que só podia acontecer em Los Angeles.

alicate
Alicate que acabou não sendo usado (foto: Sidney Arakaki)

Passada a emoção do estacionamento, voltamos ao hotel para pegar o pessoal e almoçar.
Aí nos dividimos. O Guilherme e a Mônica foram para Long Beach com o Luan, e eu, Tiago e Formiga colamos com a Brasanation. A sessão foi num outro templo que eu queria andar: Lockwood, que eu costumo chamar de “escolinha do Mariano”.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Lockwood, a escolinha do Guy Mariano. (foto: Sidney Arakaki)

Esse pico é mágico. Não é fácil andar lá, já começa pela cerca que precisamos pular pra entrar.
O banquinho que fica em cima da transição é um clássico de vários vídeos e sempre quis andar nele. Foi suado, mas pelo menos um 50-50 consegui acertar. O Mano Tiago também estava nessa missão, mas infelizmente machucou o dedão do pé quando acertou a manobra mas travou num buraquinho. As rachaduras que não vemos nos vídeos são as maiores dificuldades dos picos. Assistindo as marretas nem prestamos atenção nos pequenos detalhes.

Nessa sessão tinha uma galera trabalhando pesado. Fernando Granja fez uns registros do Rodrigo Gerdal, Marcelo Formiga e o Carlos Ribeiro. Eu achava que a prioridade do Dudu esse ano era o vídeo da LRG, o “1947”, mas praticamente do nada ele lançou uma parte pela Primitive Skateboards. Agora fiquei sabendo que tem outro projeto de vídeo para esse ano. E a manobra que ele lançou em Lockwood foi para esse projeto. O Granja estava extremamente feliz, porque além de ser uma marreta num pico histórico, ele disse que foi a melhor imagem que ele já fez. Vale a pena criar expectativa para assistir esse take!

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Fernando Granja e a felicidade de registrar uma marreta do Carlos Ribeiro em Lockwood. (foto: Sidney Arakaki)

Como o Tiago estava com o dedão inchado, fomos embora para o hotel. Sábado de noite, resolvemos comer na pizzaria do Salman Agah, a “Pizzanista!” (2019 E.7th Street). Meu plano era não beber cerveja, voltar para o hotel, pegar o skate e sair andando pela noite de LA. O Formiga concordou com meu plano e o Tiago iria assistir o “Straight Outta Compton” no cinema. Mas chegando na pizzaria tive que mudar meus planos… caí na tentação de experimentar a Saint Archer, cerveja que tem vários skatistas como embaixadores.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Com os Manos Tiago e Formiga na Pizzanista!, pizzaria do Salman Agah. (foto: Sidney Arakaki)

Se eu bebo, não consigo mais andar de skate, fico anulado, então acompanhamos o Tiago no cinema para assistir o filme.
Desde que chegamos em LA vimos o bombardeio de publicidade do “Straight Outta Compton” por todos os lugares. O filme seria lançado na sexta e o NWA é das redondezas de Los Angeles. Pelos poucos dias na cidade já estávamos incorporados e seduzidos para assistir. Então acabou sendo uma ótima oportunidade para assistir, mesmo eu tendo cochilado nos 15 primeiros minutos. Afinal, pegamos a sessão das 23h10, eu devia ter acordado às 7h, andado de skate a tarde toda e tinha acabado de beber uma Blond Ale.
Torçam para esse filme chegar aos cinemas no Brasil. Arrepia. As partes dos shows dão impressão que estamos lá dentro!

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Straight Outta Compton. (foto: Sidney Arakaki)

Pra variar, meu domingo também começou cedo. Peguei meu skate e saí sozinho pelas ruas. Eu queria dar uma passada no Street Style do Dew Tour, que iria começar às 11h, e descobri que a pista era a duas quadras do hotel. Cheguei lá antes das 9h, quando ainda estavam montando a estrutura do evento. Dei um jeito de entrar na área e subi até o topo da rua. Ninguém ainda tinha andado e dei o primeiro drop só pra sentir a experiência. É o tipo de pista que eu queria ter andado 20 anos atrás, porque descer uma ladeira cheia de obstáculos era meu estilo de skate.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)

Mesmo tendo andado com uns moleques cabreiros. Acho que a sessão mais memorável foi quando saí sem rumo pelo centro de Los Angeles. Foi tipo um passeio num museu do skate. Sem exagero, em todas as quadras tem vários picos famosos de vídeos, todos juntos, um do lado do outro. A maioria tem skatestoppers, mas já vale por conhecer pessoalmente. Fiquei tão empolgado, que não resisti e fiz alguns registros gravando com o telefone no chão. Se você assistiu e se identificou com “1st and Hope”, tá ligado!

Isso tudo foi até 11h, acho. Aí voltei pro hotel pra me encontrar com o pessoal e colar no evento. Estava muito quente e não ficamos muito tempo. Para assistir campeonato e ver as manobras o melhor é pela transmissão. A velocidade que os caras passavam manobrando era no galeto e só dava para ver trechos. O Pedro Barros andando na rua é muito insano. Queria ver mais ele assim ao vivo. É o tipo de skate que me inspira e deixa adrenado.

Meu domingo estava mil grau e eu nem tinha almoçado ainda. Pra não perder tempo e aproveitar bem o dia, comemos no restaurante do próprio hotel. Eu nunca imaginei que provaria um dos melhores bifes nos EUA. A carne estava próxima da perfeição.

Enquanto o Formiga colou com a Brasanation pra andar nos picos da rua, eu, Tiago, Guilherme e a Mônica fomos trombar o Luan e o Rafinha Xavier na Stoner Plaza (835 Stoner Ave, Los Angeles), única pista que eu queria conhecer.
Só teve um problema dessa sessão, eu estava tão emplogado querendo andar na pista, que não vi o Luan andar…
A Stoner é uma pista tão perfeita que o chão escorrega como uma pista de patinação. Apanhei até para pegar impulso porque a sola derrapava. Por mim, ficaria andando lá até o final do dia, mas também queríamos ir pra Venice Beach, o berço do skate.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Stoner Plaza, em Los Angeles. (foto: Sidney Arakaki)

Venice é um lugar diferente de tudo que já vi.
É uma das culturas mais copiadas, principalmente no skate, mas só estando lá pra sentir. E o cheiro é uma das primeiras coisas que se sente quando se está lá. Porque a maconha rola solta, e várias lojas a vendem no calçadão. Como eu não fumo, dá impressão até que fiquei chapado de tabela (exagero…).

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
“Maconharia” em Venice Beach. (foto: Sidney Arakaki)

Encerramos a sessão andando na pistinha meia bizarra na praia. O concreto é perfeito, o snake é divertido, mas o plaza parece que foi projetado por engenheiros brasileiros. Vários obstáculos desproporcionais que são usados como bancos para turistas e posers.

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Skate Plaza de Venice Beach. (foto: Sidney Arakaki)

O dia se encerrou com mais um turismo gastronômico do skate. Fomos comer na “In n’ Out”, uma rede de hamburgueres independente presente em poucos Estados dos EUA. O “In n’ Out” é praticamente o fastfood oficial dos skatistas, e de tanto ver os posts nas redes sociais, eu queria experimentar. E é bom de verdade! O cardápio deve ter três variedades de lanches e esse foco faz com que sejam deliciosos.

In n' Out (foto: Sidney Arakaki)
In n’ Out (foto: Sidney Arakaki)

Segunda-feira, último dia em Los Angeles. Tínhamos que sair do hotel ao meio-dia. Acordei às 6h para aproveitar as últimas horas. Poucos minutos depois, ainda escuro, eu já estava nas ruas andando de skate. O primeiro pico que colei foi um que vi da janela do quarto. Mas como exigia muito impacto pra esquentar o corpo e despertar a cabeça, deixei de lado…

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)

O centro de Los Angeles é bem parecido com o de São Paulo, então às 7h os prédios já estavam movimentados com os funcionários chegando para trabalhar. Me contentei em só cruzar pelas ruas e calçadas admirando os picos, pra voltar pro hotel e jogar as coisas dentro da mochila.

Esse post não contém exageros. São relatos alucinados de um cara que viveu um sonho de forma frenética.
Os textos estavam muito maiores e tenho muito mais fotos. Mas dei uma boa resumida, porque quero ter outras oportunidade de contar estórias dessa viagem.

Agradeço demais o Tiago Moraes e Mountain Dew pelo convite. Vocês são FORA DO COMUM!!!

Uma viagem Fora do Comum: Skataholic Dew Tour (foto: Sidney Arakaki)
Isso achei impressionante: na porta de saída dos EUA, aeroporto internacional de Los Angeles, o skate como protagonista numa mensagem de despedida. (foto: Sidney Arakaki)

Mande sugestões, dúvidas, etc, para contato@skataholic.com.br

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

× Qual a sua dúvida?