O Skate nos X Games Austin

Luan e Letícia
Luan e Letícia nos X Games Austin (Divulgação/ESPN Images)

A edição comemorativa de 20 anos dos X Games aconteceu no último final de semana em Austin, Texas, com a participação de vários brasileiros nas competições de Vert, Big Air, Street, Street Feminino, Real Street e Park. Fiz a cobertura oficial na língua portuguesa para o www.xgames.com.br de dentro da redação da ESPN Brasil em São Paulo.
Nesse post faço algumas observações sobre as provas de skate.

Vert
Doze skatistas foram convidados para participar do Vert: Bucky Lasek, Pierre-Luc Gagnon, Tom Schaar, Alex Perelson, Jimmy Wilkins, Sam Becket, Paul-Luc Ronchetti, Mitchie Brusco, Andy Macdonald e os brasileiros Sandro Dias, Rony Gomes, Marcelo Bastos.
No geral o nível foi fraco, com os skatistas não apresentando muitas inovações. Jimmy Wilkins mereceu ganhar principalmente por não ter medo de arriscar e acertar a melhor manobra do campeonato, um backside ollie 540 alto, colado nos pés e aterrissando perfeitamente na transição.
Sandro Dias ficou em segundo. Pierre e Bucky, os caras com mais manobras competitivas no Vert atual, não acertaram as linhas. Se Sandro acertasse o 900, tentado para finalizar a última volta, talvez ameaçasse o ouro do jovem Wilkins.

Big Air
Edgard Vovô tomou a maior bica no Big Air. Rony Gomes também foi ignorado pelo julgamento. Vovô acertou no quarter um gigante e perfeito backside heelflip indy 540. Uma manobra linda que merece ser assistida repetidamente. O jeito que ele flipou e rotacionou o 540 é impressionante. Merecia um julgamento mais justo. O combo do campeão Tom Schaar foi julgado mais pelo nome das manobras e não pela forma que foi concluída. Porque Schaar passou o gap de backside melon 720 aterrissando com enorme esforço para se equilibrar e se preparar para o quarter, onde lançou um 900 não tão alto e perfeito como costuma acertar. O combo perfeito mereceria o ouro incontestavelmente. Bob ficou com a prata, mas não com o combo programado. Ele acertou uma linha apenas para pontuar e garantir uma medalha. Seu plano era passar o gap de frontside lien 720 seguido de um 540 double grab no quarter. Caso acertasse perfeitamente não restaria dúvidas que mereceria vencer. E Rony Gomes teve notas abaixo do que merecia. Não atrapalhou o resultado final, mas os juízes foram injustos com o paulista. Ele passou o gap de frontside ollie 360 e no gap mandou um alto backside tailgrab one foot 540. Uma imagem marcante dessa final foi ver o Rony comemorando o heelflip indy 540 do Vovô com muita euforia. Um sentimento puro de alegria num momento que poderia ser de decepção, pois isso significava que ele estava perdendo sua sonhada primeira medalha em X Games.

Street
A fase eliminatória do Street foi esquisita, com vários skatistas errando manobras básicas e quando acertavam, não era fluída. Poucos se destacaram com skate bonito. A pista, que foi construída inspirada nos característicos ditchies texanos, não foi aproveitada com criatividade. Aparentemente ela parecia divertida, mas pelas limitações apresentadas, parece que não era tão fácil andar nelas. A pista parecia ser a cara de skatistas fluentes em transições, como Curren Caples, Ryan Sheckler e Ishod Wair. Mas como sempre, Nyjah Huston se readapta à competição e vence com uma volta incontestável. Ele não aproveitou a pista como foi projetada, mas suas manobras hiper-técnicas foram todas acertadas com a robótica perfeição. Luan de Oliveira ficou com uma ótima segunda colocação. Foi visível ver a arquibancada de texanos empolgada com o gaúcho andando. Mesmo com um erro na melhor volta, sua pontuação lhe rendeu a medalha de prata. Ele foi o único skatista a usar um obstáculo para uma manobra de manual na pista e um dos poucos que usou a pista como rua, fazendo manobras sem ajuda de transição.

Street Feminino
Foi divertido ver as meninas competindo. Muitas estão com um nível e estilo de skate impressionante. Infelizmente o ritmo de competições delas é lento e muitas não conseguiram acertar suas manobras dentro das duas voltas de 50 segundos. Lacey Baker se deu bem com seu autêntico skate de rua, distribuindo manobras por vários cantos que nem os caras andando. Como o “simples” nosemanual despencando no hubba. Letícia Bufoni era tido como grande favorita, vindo de duas vitórias consecutivas nos X Games, mas não conseguiu concluir sua melhor volta, que finalizava com um backside smithgrind descendo o corrimão. Ela ficou com o bronze e a grande surpresa foi jovem de 14 anos Pamela Rosa ganhar a medalha de prata, mostrando experiência como competidora, fazendo linhas sem erros.

Park
Pedro Barros é praticamente imbatível na modalidade Park. Se ele acertar suas linhas, é bem difícil alguém ameaçar sua vitória. Mas não é por isso que os outros andem menos. O catarinense tem uma potência singular e sabe montar linhas costurando as pistas com muita velocidade, voando e raspando os eixos nas bordas como ninguém. Em Austin, mais uma vez, Pedro ficou com a medalha de ouro. Para completar o pódio, o xarope Aaron “Jaws” Homoki em terceiro e Grant Taylor em segundo. Grant é o primeiro skatista filho de um profissional a seguir os passos do pai. Thomas Taylor teve seu auge nos anos 90 como skatista da New Deal e transmitiu ao primogênito, além do DNA, o dom de andar em qualquer tipo de terreno com estilo e velocidade. Raramente o “Skatista no Ano” de 2011 participa de competições e quando o faz, quase sempre comete erros. Mas em Austin ele estava inspirado. Além do Park, Grant Taylor também havia passado para a final do Street. Só que ele não apareceu na hora da competição…

FRETE_GRATIS_500X200

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

× Qual a sua dúvida?