A manutenção da arte de rua

Mural d`osgemeos no Vale do Anhangabaú (foto: Sidney Arakaki)

Um dos principais assuntos da semana na cidade de São Paulo e entre as pessoas que acompanham street art brasileira foi a extinção do mural d`osgemeos no Vale do Anhangabaú. Inicialmente todo mundo ficou indignado quando viu ou ficou sabendo que o gigantesco mural foi pintado de cinza. Mas no dia seguinte os irmãos, que não estão no Brasil, soltaram um comunicado dizendo que o prédio seria demolido e eles mesmos preferiam que fosse apagado antes da implosão. Depois disso, li muitos comentários de artistas dizendo que arte de rua precisa ser renovada, a arte não pode ficar definitiva no lugar. Em partes concordo, mas dependendo do trabalho deveria ficar sim definitivamente.

Lembrei-me de um mural em Nova York. Quim Cardona levou eu e o Rafael Gomes num parque no bairro do Harlem. Lá, tinha um mural muito bonito e quando vi logo pensei, o pintor que fez isso deve ser muito fã de Keith Haring porque os traços se parecem muito com o artista morto. Por isso eu nem quis fazer muitas fotos, porque gosto de dar atenção para coisas originais. Pra mim, cópias não tem vez! Só que depois, na volta, o Rafael disse que aquele mural era original do Keith Haring. O Quim tinha dito, mas como meu inglês é precário acabei nem escutando e entendido! Que remorso que me deu de não ter apreciado e feito fotos panorâmicas dos dois lados do muro. Em Nova York esse tipo de arte de rua tem tanto valor que a prefeitura faz a manutenção, parecendo sempre estar com tinta fresca. Eu não imaginava ser uma obra original justamente por ser tão bem preservada, como se tivessem acabado de pintar.

Uma coisa é certeza, até quem não ligava pro gigantesco Estrangeiro do Vale do Anhangabaú está sentindo falta.

Rafael Gomes, Quim Cardona e o mural original do Keith Haring datado de 1986 (foto: Sidney Arakaki)

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