O circuito radical da Liga dos skatistas de rua

Ano passado, a cena do surf mundial foi surpreendida com rumores de um possível circuito alternativo com a elite, liderado por Kelly Slater. Seriam competições em que os surfistas dariam exclusividade, em troca de uma gorda premiação garantida. Outro argumento para os tops deixarem as competições da ASP, a entidade que rege o surf no mundo, era o formato desgastado e sem emoções.
O circuito acabou não rolando por falta de patrocinadores, a ASP aceitou fazer algumas mudanças e os surfistas já estão à milhão nas competições do World Tour 2010.

Ontem, foi anunciada a criação da Street League Skateboarding. Por cinco anos, Rob Dyrdek trabalhou na surdina criando a Liga de Skate de Rua, com o objetivo e mesmos argumentos dos surfistas. Ele queria uma competição de nível, com os principais nomes, valorizando a autenticidade, com as melhores pistas e a maior premiação já oferecida, sem depender de entidades. Até aí, acho ótimo.

Agora, o lado conflitante: A Liga conta com 24 skatistas. Todos fecharam contrato de três anos. Isso quer dizer que, nesse período eles só poderão participar de dois eventos que não sejam as três etapas iniciais do circuito Street League Skateboarding desse ano. Terão que escolher entre os X Games, Maloof Money Cup e o Dew Tour. O Tampa Pro é “café com leite” porque, segundo a Liga, não tem cobertura massiva da TV. Lembrando que o MMC tem, além do californiano, esse ano estreia o novaiorquino, e o Dew Tour são cinco etapas, sendo que a primeira é o campeonato mundial pela International Skateboarding Association. São dois eventos pra selecionar entre oito. O circuito WCS nem conta, porque ele já é ignorado há tempos.

É um circuito radical. Com muita polêmica, contradição e conflitos envolvidos. Chris Cole, Ryan Sheckler, Greg Lutzka, Torey Pudwill, PJ Ladd, Sean Malto, Mike Mo Capaldi, Mikey Taylor, Billy Marks, Tommy Sandoval e Paul Rodriguez são alguns dos nomes já confirmados. Imagina eles todos amarrados, sem poder participar de todos eventos que quiserem. Como fica o compromisso com patrocinadores?

Um exemplo: Paul Rodriguez tem contrato com a Mountain Dew. Ele deixará de participar do Dew Tour? Os questionamentos são muitos e ainda é cedo pra julgar. Mas é a hora, justamente, de levantar a discussão, para que não seja um tiro no pé de todos.

Do que adianta eles acabarem (que é a intenção do Dyrdek) com os outros eventos, pra ter só o circuito da Liga. Acho que os skatistas se precipitaram em tomar essa decisão de assinar o contrato. Devia haver mais flexibilidade, pra poderem participar de outros eventos, que serviriam, inclusive, para promover a Liga.

Abrir mão de participar de um X Games, MMC e Dew Tour, de certa forma, é cuspir no prato que comeu.

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