A ordem dos fatores não altera o produto

Se houvesse um bolão do melhor combo do Oi MEGARAMPA, eu tinha grandes chances de ganhar. A classificação final é o que eu imaginava. Sem o Danny Way, o Bob já tinha garantido a vitória. Mas o Jake Brown tem várias manobras potentes! Backside ollie 360 pulando o gap maior e backside 540 gigantesco no quarter. O australianinho tá com uma evolução cabulosa. Foi infinitamente mais técnico que o judo 360 e o judo air acima dos 5m do Andy McDonald. O Buster Halterman faz as manobras não tão técnicas, mas o backside stalefish 540 dele no quarter foi umas das coisas mais impressionantes que presenciei na vida. E os moleques da nova geração Rob Lorifice e Adam Taylor tão na ‘pegada forte’. Faltou experiência pra não se classificarem melhor. Eu não gosto muito do estilo robozinho do Adam, mas ele tem manobras interessantes. Rodou umas manobras de flip voltando de fakie no quarter, e isso é uma inovação. E, nas apresentações da final ele rodava uns frontside 540 varial acima dos 4m, mas na hora da reentrada, tirava o skate do pé. O Lorifice (lê-se lorifissi mesmo, não lorifais) eu ranquearia como o terceiro mais legal de ver, depois do Bob e do Jake. Os backside 360 tailgrab e frontside 360 varial no gap eu gostei muito. Achei uma pena ele não ter acertado na hora que precisou.
Os brasileiros que não avançaram pra final também andaram muito bem. O Digo, Ueda e o Vovô acho que até estão no nível pra participar de uma final. Eles tavam mais empenhados no quarter. No gap, o Digo e o Lincoln passavam de backside 360 melon grab. O Vovô já tá um pouco mais arrojado, dominou o backside ollie 360. Tentou fazer um upgrade da manobra no gap grande e one footed no menor. Faltou o prêmio de melhor estilo do evento. E o Lincoln Ueda ganharia fácil. Mesmo quando ele não acerta as manobras, não tem quem não se emocione. É lindo demais ver as manobras dele subindo e contorcendo. Se acertasse o samba flip, seria a manobra do evento.

frontside 360 varial do Lorifice

Mineirinho me surpreendeu. Fiquei feliz de ver o cara passando o gap de 360 e voando no very varial no quarter. Ele deve ter tirado um peso enorme dos ombros. Imagino que participar dessa competição foi um dos maiores desafios da vida dele. Mas tomara que ele siga evoluindo com humildade. Apesar que eu já vi uma entrevista dele contestando os resultados da eliminatória. Já tá virando um Barichello. Chorão demais, ainda mais que era um mero ‘alternate’. Tem que fazer igual o Pedrinho, o Vitor e o Cris Mateus, andar e se divertir. Dava pra ver que os caras tavam lá se divertindo, e felizes por estarem participando.

Vitor Simão, mute grab no gap

Mas o que deixou a desejar mesmo, foi a organização da competição (não do evento). Uma das piores que já vi. Desencontros de informações e falhas de comunicação fizeram com que o evento rolasse sem passar para o público que os drops estavam valendo. Sábado, quando foi anunciado o resultado da eliminatória, ninguém se conformou: nenhum brasileiro na final. Indignação geral, porque, dos estrangeiros, só o Andy Mac tinha completado o combo. Adam, Buster e Lorifice não. E, o Mineirinho, Pedrinho, Ueda e o Vovô, pelo menos acertaram seus combos. Todo mundo foi embora reclamando. Aí eu corri pra sala de imprensa pra saber se o resultado estava correto. ESTAVA. Mas descobri uma informação que ninguém sabia até então. As duas primeiras apresentações de cada competidor não foram narradas como válidas. Só a partir da terceira que foi anunciada como pontuada. Não foi erro do Paulinho da locução, as informações não chegavam até ele. E, como ninguém (só os juízes) prestou atenção nas duas primeiras voltas, fica difícil fazer uma análise desse resultado. Mas, voltando ao início da análise. Os finalistas foram os que estavam mantendo uma regularidade maior durante os treinos. Fiquei triste que o Digo, o Vovô e o Lincoln ficaram de fora, mas conformado, que, pelo menos nos treinos eles mostraram garra.

Backside ollie 360 do Vovô

Foram tantas manobras que o Bob acertou, que nem sei quais lhe premiaram. As que me lembro e gostei foram os 540`s passando o gap, o switch backside ollie no gapão aterrisando numa suavidade absurda, switch flip indy grab, switch frontside finger flip reverse e os mc twists passando fácil os 4 metros de altura.
Falando em aéreo, o Bob não participou dessa prova porque começou a dar cãimbras. Quem tava levando à sério era o Jake e o Andy. Segundo o release da assessoria de imprensa, o “grande vencedor foi Jake Brown, com um salto de 6,50 metros – 1,20 metro abaixo do recorde mundial pertencente ao americano Danny Way”. Informação errada, rapaziada. Jake ficou 66cm abaixo do recorde, e não 1,20 metro. O recorde do Danny é de 23,5 pés, 7,16 metros de altura.

Jake passando dos 6 metros…
…e comemorando sua segunda colocação no combo

DW

Os gaps são muito maiores que eu imaginava

A Renatinha andou na rampa de aterrisagem e no quarter na sexta. Ali onde ela descola o aéreo deve ser uns 6 metros de altura

O perfil do monstro

Gian Naccarato, noseslide to fakie

Como o Daniel Vieira disse, o Andy é robótico

E no ano que vem, quero ver essa dupla na final: Pedrinho Barros e Murilo Peres

2 comentários em “A ordem dos fatores não altera o produto”

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